
JESUS É A PÁSCOA
Por Valter França
Todos os anos somos assaltados por uma grande enxurrada de “ovos de chocolate”. Há ovos de chocolate de todos os tipos e sabores; e tudo vai de acordo com a vontade de cada freguês. É comum nesta época do ano, o comércio abrir suas portas com supostas promoções de páscoa, tendo como subterfúgio à data comemorativa. E não são poucos os que se deixam levar pelo “bom senso” do “espírito pascal.”
Mas de onde vem tudo isso? Quem nos deixou este legado? A Páscoa é mesmo Cristã? O que a Bíblia diz sobre isso? Essas são algumas perguntas que pessoas sinceras tem feito ao longo dos séculos e é pensando em respondê-las, que temos elaborado este singelo trabalho.
O catolicismo adotou muitas práticas do judaísmo. Como a Páscoa era uma festa exclusivamente judaica, os católicos escolheram comemorar a ressurreição de Jesus, que coincidia com a data.
Para se distinguir da comemoração judaica, decidiu-se que seria comemorada no primeiro domingo após a Páscoa judia. Porém, algumas igrejas ainda comemoravam na mesma data que os judeus.
No ano de 325 d.C., no Concílio de Nicéia, a igreja, com o objetivo de “não se judaizar”, decidiu que a Páscoa seria comemorada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre após a primavera no hemisfério norte (outono no hemisfério sul). Por isso, a Páscoa ocorrerá sempre entre o dia 22 de março e 25 de abril.
A PRIMEIRA PÁSCOA
A Páscoa era uma celebração comemorativa; portanto, a ordem bíblica era: “E terá de acontecer que, quando os vossos filhos vos disserem: ‘Que significa para vós este serviço?’, então tereis de dizer: É o sacrifício da páscoa a Javé, que passou por alto as casas dos filhos de Israel no Egito quando feriu os egípcios, mas livrou as nossas casas.(Êx 12:26,27).
A Páscoa seria comemorada na noite após a conclusão do dia 13 de nisã. Já que, para os judeus o dia começava após o pôr-do-sol e terminava no pôr-do-sol do dia seguinte, o dia 14 de nisã começaria após o poente. Visto que a Bíblia declara definitivamente que Cristo é o sacrifício da Páscoa (1Co 5:7) e que ele celebrou a refeição pascoal na noite antes de ser morto, a data de sua morte deve ser no dia 14 de nisã, não 15 de nisã, a fim de cumprir com exatidão o fator tempo retratado no tipo, ou sombra, fornecido na Lei ( He 10:1).
Os israelitas habitavam no Egito servindo como escravos, o Senhor emitiu então uma ordem específica para libertar seu povo. A obediência a essa ordem traria a proteção divina a cada família hebreia, principalmente aos seus respectivos primogênitos. Cada família tomaria um cordeiro macho, de um ano de idade, sem defeito algum e o sacrificaria. O cordeiro (ou cabrito) era abatido, esfolado, suas partes internas eram limpas e recolocadas no lugar, e ele então era assado inteiro, bem passado, sem que se lhe quebrasse nenhum osso. (2Cr 35:11; Núm 9:12) Se a família fosse pequena demais para consumir o animal inteiro,devia partilhá-lo com uma família vizinha e comê-lo naquela mesma noite. Quaisquer sobras deviam ser queimadas antes do amanhecer. (Êx 12:10; 34:25) Era comido com pães não fermentados, “o pão de tribulação”, e com ervas amargas, pois a vida deles fora amarga na escravidão. (Êx 1:14; 12:1-11,29,34;Deut.16:3)
Os israelitas deviam aspergir , com um ramo de hissopo , parte do sangue do cordeiro sacrificado nas duas ombreiras e nas vergas das portas de cada casa em que o comeriam (não na soleira da porta, onde o sangue seria pisado). Quando o destruidor passasse por aquela terra, ele não mataria os primogênitos das casas que tivessem o sangue aspergido sobre elas. Daí o termo Páscoa, do hebreu pesah , que significa “pular além da marca”, “passar por cima”, ou “ poupar.”
Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas foram protegidos da condenação à morte, executada contra todos os primogênitos egípcios. Deus ordenou o sinal do sangue, não porque Ele não tivesse outra forma de distinguir os israelitas dos egípcios, mas porque queria ensinar ao seu povo a importância da obediência e da redenção pelo sangue.
A SEGUNDA PÁSCOA
A Páscoa aponta para o sacrifício de Jesus, que ainda não havia acontecido, mas a antecipação, como descrito em (Mt. 26.17-30) vem confirmar a promessa feita através do ritual relatado. Pão e vinho simbolizam a obra redentora de Cristo em favor de seus seguidores.
É um momento especial para que os cristãos reflitam sobre o significado da vida e do sacrifício daquele que mostrou ao mundo a maior prova de amor que alguém já deu. É a passagem da morte para a vida – é a Ressurreição de Jesus de Nazaré, que havia sido morto na cruz do calvário.
É a vitória de Deus sobre tudo o que fere e mata a vida. Jesus faz a sua passagem da morte para a vida plena. A partir da Ressurreição de Jesus temos a oportunidade de sermos participantes da vida eterna, ou seja, morar com Deus.
Como a prisão de Jesus e sua posterior morte, ocorreram na época da celebração da Páscoa dos Judeus (Mt 26,17-56; Mc 14,12-50e Lc 22,14-62), a sua Ressurreição toma agora o significado de libertação da morte para a vida eterna , descritos nos quatro evangelhos: Mt.28,1-8; Mc.16,1-8; Lc.24 e Jo.20.
Os elementos da Páscoa no Velho Testamento simbolizavam o que havia de se cumprir, em Cristo, por meio de Sua morte e Ressurreição. Ele é o próprio Cordeiro de Deus que foi entregue em sacrifício (Jo 1.29),e n’Ele podemos viver uma constante celebração da libertação da opressão do mundo do, do pecado e do diabo.
Para nós cristãos, a Páscoa tem este significado, a Ressurreição de Jesus, a ressurreição para a vida plena, para a vida eterna, para uma nova vida de amor com Deus.
A conclusão a que se chega é que, Jesus, cordeiro pascal, instituiu a ceia como ritual litúrgico em memória de seu sacrifício substitutivo pelos seus discípulos e símbolo de libertação e purificação de pecados.
PÃES ÁZIMOS (OU ASMOS)
Jesus é o pão vivo descido do céu. Deus sempre providenciou o alimento necessário para o homem . “E Jesus diz aos discípulos: Moisés não vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”. E Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede” (Jo 6:31-35).
Jesus toma o pão, ora ao Pai, reparte e dá aos seus discípulos; lhes deixando o ensino de que isto representava o Seu corpo, que seria “partido” por causa do homem (Lc 22.19 e 20).
CORDEIRO DE DEUS
Jesus é o cordeiro descrito pelo livro sagrado de Deus, que tira o pecado do mais vil pecador. “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e Eis o cordeiro que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
Jesus foi morto por nós, para que, por Ele, fôssemos livres do pecado e do julgo da escravidão. Ao crermos neste sacrifício, nossas casas estão guardadas, pelo sangue, da morte para destruição. O cálice com o vinho representava o Novo Testamento, o sangueque seria derramado para aspersão em nossas vidas. Isto é, o Espírito Santo que seria enviado para ser o consolo em meio às amarguras. (Lc 22:19-20).
ERVAS AMARGAS
Assim Jesus mostrou que no passado morria um cordeiro, hoje Jesus é o Cordeiro de Deus que morreu por nós. Ele tira a amargura de nossas vidas, trazida pelo pecado. Ele lava nossos pecados com seu sangue e nos dá o seu Espírito Santo. Para os servos do Senhor Jesus, os salvos, a Páscoa é a redenção e é comemorada não num dia de calendário, mas todos os dias, por serem livres das amarguras que o pecado escravizador nos traz.
Por isso, enviou seu Filho, Jesus Cristo, para que “todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna ”(Jo. 3.16). Vida esta conquistada com sangue “porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós.” (I Co 5.7).
Desde sua morte no Calvário, nós iríamos lembrar deste sacrifício todos os dias de nossas vidas. A Páscoa verdadeira foi registrada na Bíblia como orientação para os servos fiéis. No decorrer dos tempos, houveram algumas inclusões de símbolos da Páscoa como os que veremos a seguir.
1. O COELHO DA PÁSCOA
O coelho é um mamífero roedor que passa boa parte do tempo comendo. Tem pelo bem fofinho e se alimenta de cenouras e vegetais. Ele precisa mastigar bem os alimentos, para evitar que seus dentes cresçam sem parar.
Embora as origens do coelhinho da Páscoa não estejam bem definidas, parece que a escolha do coelho como símbolo para comemorar a Páscoa é devido à sua grande capacidade de procriação, de grande valor simbólico numa festa dedicada à Primavera (no Hemisfério Norte) e à fertilidade da terra.
Na Alemanha, o coelho era o símbolo de uma deusa adorada pelos germânicos e anglo-saxões, Isthar ou Ostara (que deu origem a palavra Ostern: Páscoa, em alemão e Easter, em inglês).
Ostera é a deusa da fertilidade e do renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia germânica;cujas ilustrações sempre apareciam as lebres (seus animais preferidos) e em sua honra se celebrava uma festa durante o mês de abril. Originalmente esta festa servia apenas para homenagear a deusa. No século VIII, os anglo-saxões transferiram o nome de Easter também à festa cristã que celebra a Ressurreição de Cristo, adaptando o nome da festa pagã às tradições cristãs.
“Ostara” é o rito de fertilidade que celebra o nascimento da Primavera e o despertar da vida na Terra. Nesse dia sagrado, os Bruxos e Bruxas acendem fogueiras novas ao nascer do sol, se rejubilam, tocam sinos e decoram ovos cozidos - um antigo costume pagão associado à Deusa da Fertilidade.
A partir do século XIX, começaram a fazer bonecos de chocolate e de açúcar na Alemanha, porque passou a circular entre a população uma lenda de que um coelho foi preso junto ao túmulo de Jesus e presenciou a sua ressurreição. Tendo testemunhado o milagre, dizia-seque, ele foi o animal escolhido como o mensageiro para comunicar e lembrar às crianças a boa notícia, distribuindo ovos pintados (vale lembrar que a origem de se esconder ovos na Páscoa também foi adaptado e associado ao calvário sofrido por Jesus).
No Brasil, os primeiros relatos do coelho da Páscoa remontam a chegada dos imigrantes alemães. O primeiro dia da Primavera, que ocorre em 21 de setembro no hemisfério sul e 21 de Março no hemisfério Norte junto as festividades que celebram o equinócio de primavera, relacionam-se com esta deusa.
As celebrações da Páscoa atual têm forte relação com o paganismo. O início da primavera marca a volta do Sol e a época do ano em que o dia e a noite têm a mesma duração depois do inverno. Para os nórdicos temporâneos à adoração de Ostara, era o despertar da Terra com sentimentos de equilíbrio e renovação. Uma das principais tradições desse festival era a decoração de ovos, que representam a fertilidade da deusa. Outra tradição muito antiga é a de esconder os ovos e depois achá-los. A bíblia nos adverte: “Assim diz o Senhor: Não aprendam as práticas das nações nem se assustem com os sinais no céu, embora as nações se assustem com eles”(Jr 10.2)”.
2. OVO DA PÁSCOA
O Ovo da Páscoa é um símbolo pascal, feito de chocolate e, normalmente, recheado com surpresas. Atualmente, costuma-se presentear amigos e familiares (principalmente as crianças) com ovos de chocolate durante a Páscoa.
O ovo é um símbolo antigo (anterior ao Cristianismo), que representa a fertilidade e a renascimento da vida. Muitos séculos antes do nascimento de Cristo, a troca de ovos no Equinócio da Primavera (21 de Março) era um costume que celebrava o fim do Inverno e o início de uma estação marcada pelo florescimento da natureza. Para obterem uma boa colheita, os agricultores enterravam ovos nas terras de cultivo.
Colorir e decorar ovos é um costume também bastante antigo, praticado no Oriente. Nos países da Europa do Leste, os ortodoxos tornaram-se grandes especialistas em transformar ovos em obras de arte. Da Rússia à Grécia, os ortodoxos costumam pintar os ovos de vermelho. Já na Alemanha, a cor dominante é a verde. A tradição é tão forte que a “Quinta-feira Santa” é conhecida por “Quinta-feira Verde”. Na Bulgária, em vez de se esconder os ovos, luta-se com eles nas mãos. Há verdadeiras batalhas campais. Todos têm de carregar um ovo e quem conseguir a proeza de mantê-lo intacto até o fim, será o mais bem sucedido da família até à próxima Páscoa.
Quando a Páscoa na igreja católica começou a ser celebrada, a cultura pagã de festejo da Primavera foi integrada na “Semana Santa”. A igreja católica passou a ver no ovo um “símbolo da ressurreição de Cristo”. Como nós podemos ver, muitas práticas da igreja católica estão associadas com o paganismo, ou seja, está saturada de ritos e costumes pagãos.
A bíblia nos adverte: “Não vos sujeiteis ao mesmo julgo com os infiéis. Porque que união pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que sociedade entre a luz e as trevas? E que concórdia entre Cristo e Belial? Ou que de comum entre o fiel e o infiel? E que relação entre o tempo de Deus e os ídolos? Porque vós sois o templo de Deus vivo, como Deus diz: Eu habitarei neles, e andarei entre eles, e serei o seu Deus; e eles serão o meu povo. Portanto saí do meio dele, e separai-vos, diz o Senhor, e não toqueis o que é impuro; e eu vos receberei e serei vosso pai, e vós sereis meus filhos e minhas filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso” (2 cor 6:14-18).
3. O PEIXE
O Peixe na Páscoa é uma das representações que simbolizam a vida e a fé das pessoas em Jesus Cristo. Alguns apóstolos de Cristo eram pescadores e os primeiros cristãos já incluíam o peixe entre os símbolos das suas crenças. Antigamente, como sinal de esperança na fé em Jesus, os primeiros cristãos costumavam presentear uns aos outros com peixes.
O acróstico IXTUS, que significa “peixe” em grego, fazia referência a Jesus. As letras representavam as iniciais de "Iesus Xristos, Theos Huios, Sopter" que quer dizer "Jesus Cristo, Filho de Deus, o Salvador".
Durante a Quaresma – os quarenta dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa - os católicos dedicavam-se ao jejum, para lembrar os quarenta dias de penitência em que Jesus passou no deserto e os sofrimentos que suportou na cruz.
Esse costume foi reduzido para a “Sexta Feira da Paixão”, onde o alimento principal passou a ser o peixe. Este ato é considerado entre os católicos como uma homenagem ao episódio da crucificação de Jesus.
“Não comer carne vermelha ou qualquer outro alimento não está na Bíblia. O que prejudica o homem não é o que entra pela boca, mas sim o que sai dela” (Mt 11.15).
CONCLUSÃO
Jesus, cordeiro pascal, instituiu a ceia como ritual litúrgico em memória de seu sacrifício substitutivo pelos seus discípulos e símbolo de libertação e purificação de pecados. “E, tomando um pão, havendo dado graças, o partiu e o serviu aos discípulos, recomendando: Isto é o meu corpo oferecido em favor de vós; fazei isto em memória de mim” (Lc 22.19).
A igreja de Cristo não deve viver de acordo com a tradição judaica, já que o cristianismo marca o tempo da graça.
BIBLIOGRAFIA
Texto extraído em parte da Bíblia de Estudo Pentecostal.
O paganismo da Páscoa, uma festa Cristã. Disponível em:
O que é Páscoa no Novo Testamento e o que é Páscoa no Velho Testamento? Disponível em:
http://www.abiblia.org/ver.php?id=1791
A Páscoa no Antigo Testamento. Disponível em:
http://www.editoracpad.com.br/institucional/integra.php?s=5&i=90
Páscoa no Novo Testamento. Disponível em:
https://radiolouvoreal.net/pascoa-no-novo-testamento/
A Origem do Ovo da Páscoa. Disponível em:
http://brasilescola.uol.com.br/pascoa/a-origem-ovo-pascoa.htm
Ostara, a “páscoa” das bruxas. Disponível em:
http://3fasesdalua.blogspot.com.br/2012/04/ostara-pascoa-da-bruxas.html
A Última Páscoa de Jesus e a Santa Ceia. Disponível em:
file:///C:/Users/usuario/AppData/Local/Microsoft/Windows/INetCache/IE/KPT0H1TO/A_Ultima_Pascoa_de_Jesus_e_a_Santa_Ceia._Sonia.Atualizado.pdf
Significado do Peixe na Páscoa.Disponível em:
https://www.significados.com.br/peixe-na-pascoa/